Exposição Ambiental - Mata Atlântica: ainda podemos salvar o que sobrou

 
 
 
Data: 2 a 25/6/2007    
Local: Solo Sagrado de Guarapiranga

 
 
 
 
Voltando ao meio ambiente, a Fundação Mokiti Okada em parceria com o Solo Sagrado realizou no dia 02 o IX Resgatando Nosso Futuro: "Mata Atlântica ainda podemos salvar o que sobrou".

 
Durante todo o dia os palestrantes abordaram a preservação da Mata Atlântica nos diversos aspectos: como educação ambiental, como importante meio de produção de água e produtora de bens de serviço e também a questão das APAs- Área de Preservação Ambiental que abrange algumas regiões da Mata Atlântica.
 
 
"Pensar globalmente e agir localmente" foi à frase do coordenador do Centro de Pesquisa da Fundação Mokiti Okada, Fernando Augusto de Souza, ao abrir sua palestra falando sobre "FMO e sua atuação em área de Mata Atlântica em ambiente urbano de SP". Conforme dados divulgados no relatório do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas) sobre as mudanças climáticas na Terra, em abril de 2007, o efeito estufa já está acontecendo e não tem como evitar, mas sim minimizá-lo. Além disso, 90% das alterações no meio ambiente são causadas pelo homem e a agricultura convencional é uma das maiores vilãs devido ao uso de defensivos agrícolas.
 
 
Segundo o presidente da Fundação, Rogério Hetmanek, que abriu o encontro, a natureza não discrimina ninguém e nela podemos encontrar a Verdade - Bem - Belo. Além de apresentar todo ideal universal que o homem busca. "Mas o homem não consegue criar leis iguais ao que natureza faz e se orgulha de matar tudo", acrescenta ele.
 
 
Para finalizar, Hetmanek, alertou a importância do homem pedir perdão e se conscientizar de que precisa mudar sua postura frente à natureza, porque quem está ameaçado em extinção é ele e não a natureza que tem uma grande capacidade de se recuperar.
 

O coordenador apresentou a agricultura natural, incentivada e praticada pela Fundação Mokiti Okada e o Centro de Pesquisa, como uma forma eficaz para a solução dos problemas causados ao meio ambiente. "Ela além de não agredir a natureza porque não utiliza agrotóxico, também não prejudica a saúde de quem o consome", acrescenta Fernando.
 

Para introduzir a consciência da alimentação natural a FMO vem participando do projeto Merenda Escolar Orgânica passando o conceito para os cidadãos do futuro, as crianças, a questão do consumo de produtos que não poluem o meio ambiente. As escolas produzem suas próprias hortas naturais e as consomem na merenda.
 

Outro exemplo da participação da Fundação em parceria com a prefeitura de Rio Claro é o projeto Semente Esperança, no qual os alimentos são produzidos em uma área do horto municipal e abastece as escolas públicas da região.
 

A professora da universidade de Santo Amaro, Maria do Socorro S.P. Lipi, abordou o tema "A Educação Ambiental como ferramenta na preservação de florestas" e orientou que é possível o homem ter acesso as áreas preservadas de mata, mas que é importante que as pessoas saibam andar nesses locais sem destruir e sim com o senso de conhecer, preservar, conscientizar e sensibilizar.
 

"A educação ambiental surgiu diante de um problema: a percepção que os ambientes estavam sofrendo risco de extinção. Com isso foram criadas áreas de preservação e começou a fazer um trabalho de conscientização da importância do meio ambiente e da biodiversidade. Agora é responsabilidade de cada um pensar ecologicamente e mudar sua atitude", finaliza a palestrante.
 

Anita Correia de Souza, do departamento de Parques e Áreas verdes da Divisão da Unidade de Conservação e Proteção da Biodiversidade da Prefeitura de São Paulo, durante o IX Resgatando Nosso Futuro, relatou sobre "As Unidades de conservação no município de São Paulo". Ela explicou as etapas para criação de unidades de conservação, Reserva Particular do Patrimônio Natural-RPPN e Áreas de Proteção Ambiental. Essas áreas têm como principais objetivos a proteção à natureza e a melhoria na qualidade de vida das pessoas próximas com o desenvolvimento de atividades compatíveis. Anita falou também do processo de criação da RPPN na área do Solo Sagrado.
 

"Ocupação urbana e o impacto na preservação da Mata Atlântica", foi o assunto apresentado pelo subprefeito de Parelheiros, Walter Tesch, que apresentou suas ações para transformar a região conhecida pela concentração de mananciais. Ele também foi citado o espaço do Solo Sagrado que exerce um papel importante na região não só na área ambiental quanto espiritual.



De acordo com Marussia, 60% da população brasileira moram no domínio da Mata Atlântica e suas vidas dependem da manutenção dessa região. Em São Paulo já existe uma baixa disponibilidade de água por habitantes, sendo utilizados 08 sistemas de captação de água para abastecerem a cidade e região metropolitana.
 

Outro dado importante trazido no evento que é 70% da vegetação da Região Metropolitana está em mananciais que precisam ser preservados, mas em contra partida, moram hoje nessas áreas cerca de 1,8 milhões de pessoas.
 

Para finalizar, ela informou que é de extrema importância uma conscientização da humanidade quanto ao consumo racional da água, a contenção do desperdício e a criação de sistemas de reuso.
 
 
A última palestra do dia foi da Secretaria Nacional de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, Maria Cecília Wey de Brito, com o tema "O conceito de bens e serviços ambientais na conservação da Mata Atlântica".
 

Os serviços dos ecossistemas são os benefícios que os homens obtêm e que são produzidos por meio de interações da natureza sem intervenção humana. Por exemplo: formação do solo, purificação da água, clima, produção primária, polinização, entre outros. Se deixar de existir, o homem terá que criar mecanismos de fazê-los.
 

Segundo Maria Cecília, um impacto negativo em alguma parte da cadeia de produção dos serviços, prejudica o restante da operação. "Os homens alteraram o ecossistema nos últimos 50 anos. Essas mudanças trouxeram custos crescentes que ameaçam o bem estar humano", conclui.
 
 
A coordenadora do Programa Mananciais da região metropolitana de SP do Instituto Socioambiental, Marussia Whately, alertou na sua palestra "Importância da Mata Atlântica na produção de água", que garantir a água potável de boa qualidade é um dos principais desafios do século XXI. Isso porque, com o desmatamento, o crescimento da poluição, o aumento do consumo, o uso na produção de alimentos, a qualidade e a quantidade de água boa está ficando mais escassa. Com isso a disponibilidade de água tende a diminuir 30% nos próximos anos.